quarta-feira, 19 de setembro de 2012

REINDUSTRIALIZAÇÃO EXIGE NOVA ESTRUTURA PRODUTIVA PARA O PAÍS.

Mudar a estrutura produtiva da indústria nacional, hoje envelhecida; estimular a exportação; promover a independência financeira das empresas; depreciar ainda mais o câmbio; aumentar a produtividade industrial e desenvolver um projeto de desenvolvimento de longo prazo. Estas são algumas das políticas que economistas que se têm dedicado a refletir sobre o processo de desindustrialização do Brasil veem como solução para o problema. A questão foi tema de debate ontem no 9º Fórum de Economia, promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo.

Para o consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sérgio Gomes de Almeida, é preciso uma mudança estrutural na indústria brasileira. "Nossa indústria ficou velha, é preciso um esforço ativo para trazer os setores de terceira e quarta geração ao País", afirmou.

Segundo o economista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), outro fator importante para retomada da atividade industrial seria o estímulo à internacionalização. "O setor industrial brasileiro é hoje pouco exportador e a inserção no mercado externo é um importante fator de incentivo à produtividade e à inovação", ponderou.

Almeida também considera necessária a independência financeira das indústrias nacionais. "Temos uma estrutura empresarial fraca do ponto de vista de sua capacitação financeira. Ter o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] é muito bom, mas é necessária a autonomia financeira das empresas", acredita. Segundo ele, como fazer isso acontecer ainda não está claro, mas não será através de financiamentos do banco estatal.

O assessor da vice-presidência do BNDES, Francisco Eduardo Pires de Souza, lembrou que na última vez em que o Brasil passou por um processo de reindustrialização, de 1998 a 2004, isso foi fruto de uma profunda crise cambial, que forçou o País a retomar a atividade produtiva para suprir a demanda interna.

De acordo com o economista, hoje a conjuntura é diferente, uma vez que não há uma crise. Empresas antes produtivas sobrevivem tornando-se importadoras; ainda assim, não há desemprego, devido ao dinamismo do setor de serviços e a apreciação cambial viabilizou aumento de salários sem aumento de preços.
 
fonte (Diário do Comércio e Indústria)