Mudar a estrutura
produtiva da indústria nacional, hoje envelhecida; estimular a exportação;
promover a independência financeira das empresas; depreciar ainda mais o câmbio;
aumentar a produtividade industrial e desenvolver um projeto de desenvolvimento
de longo prazo. Estas são algumas das políticas que economistas que se têm
dedicado a refletir sobre o processo de desindustrialização do Brasil veem como
solução para o problema. A questão foi tema de debate ontem no 9º Fórum de
Economia, promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo.
Para o consultor do
Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sérgio
Gomes de Almeida, é preciso uma mudança estrutural na indústria brasileira.
"Nossa indústria ficou velha, é preciso um esforço ativo para trazer os setores
de terceira e quarta geração ao País", afirmou.
Segundo o
economista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), outro
fator importante para retomada da atividade industrial seria o estímulo à
internacionalização. "O setor industrial brasileiro é hoje pouco exportador e a
inserção no mercado externo é um importante fator de incentivo à produtividade e
à inovação", ponderou.
Almeida também
considera necessária a independência financeira das indústrias nacionais. "Temos
uma estrutura empresarial fraca do ponto de vista de sua capacitação financeira.
Ter o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] é muito bom,
mas é necessária a autonomia financeira das empresas", acredita. Segundo ele,
como fazer isso acontecer ainda não está claro, mas não será através de
financiamentos do banco estatal.
O assessor da
vice-presidência do BNDES, Francisco Eduardo Pires de Souza, lembrou que na
última vez em que o Brasil passou por um processo de reindustrialização, de 1998
a 2004, isso foi fruto de uma profunda crise cambial, que forçou o País a
retomar a atividade produtiva para suprir a demanda interna.
De acordo com o
economista, hoje a conjuntura é diferente, uma vez que não há uma crise.
Empresas antes produtivas sobrevivem tornando-se importadoras; ainda assim, não
há desemprego, devido ao dinamismo do setor de serviços e a apreciação cambial
viabilizou aumento de salários sem aumento de preços.
fonte (Diário do Comércio e Indústria)